Inicio essa reflexão com uma pergunta:
Você tem prioridades? Se tem, quais são?
Normalmente, todos têm prioridades,
seja em casa, seja no trabalho, seja na vida profissional. Você já parou para
pensar nisto?
Por exemplo: um rapaz acabou de se
formar e pretende trabalhar. O que ele pode fazer? Pode fazer um concurso, pode
distribuir currículo... Se ele optar por fazer concurso, o mínimo que tem a
fazer, além de se inscrever, é se preparar. Como? Estudando. Às vezes, pode ser
necessário frequentar um cursinho, assistir aulas até mesmo em fins de semana.
Mas, aí aparece um churrasco exatamente na hora da aula e ele vai ter que optar
entre assistir aula ou cair na gandaia. Ele terá que pesar o que é mais
importante naquele momento, é questão de prioridade! E a prioridade é questão
de escolha, que exige sacrifício e renúncia. Se aquele rapaz deseja assumir aquele
cargo, deve escolher estudar adequadamente, comer adequadamente, dormir
adequadamente para que atinja seu objetivo.
Assim, todos os dias, temos escolhas,
pois todo ser humano tem desejos e aspirações. A dificuldade está em saber se escolhemos
corretamente ou não. É preciso discernimento.
Por isto, a liturgia do 8º Domingo do
Tempo Comum - Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus (Mt 6,
24-34), propõe-nos uma reflexão sobre as nossas prioridades. Recomenda que
dirijamos o nosso olhar para o que é verdadeiramente importante e que
libertemos o nosso coração da prisão dos bens materiais. Convida-nos a buscar o
essencial - o Reino de Deus - diante de coisas secundárias que, dia a dia,
ocupam o nosso interesse. Escolher o essencial não é negligenciar o resto – não
é nada disso: Deus é um pai misericordioso, bom, cheio de solicitude por nós e
provê com amor às nossas necessidades.
No Evangelho, quando Jesus afirma que
ninguém pode servir a dois senhores, ou seja, a Deus e ao dinheiro, Ele está se
referindo justamente às pessoas que constroem suas vidas em torno dos bens
materiais, que valorizam a lógica do ter, deixando-se dominar pelo dinheiro. O
dinheiro, para essas pessoas, ocupa o lugar de Deus, ou seja, Deus fica em
segundo lugar. Ora, o amor ao dinheiro fecha totalmente o coração da pessoa,
ela torna-se egoísta, prepotente, injusta, corrupta, auto-suficiente e não
deixa qualquer espaço para o amor ao próximo. Não podemos e não devemos ter
amor ao dinheiro, do contrário a nossa vida terá sido um tremendo equívoco.
Parece absurdo falar dessa maneira,
especialmente por vivermos numa sociedade onde o dinheiro é, hoje, o verdadeiro
centro do poder no mundo. Ele compra consciências, poder, projeção social e até
reconhecimento. Por ele mata-se, calcam-se aos pés os valores mais
fundamentais, renuncia-se à própria dignidade, envenena-se o ambiente,
escravizam-se pessoas.
É verdade, quando a lógica do “ter mais”
entra no coração do homem e o domina, o homem torna-se escravo e, por sua vez,
leva à escravidão os outros homens. Repito, a pessoa torna-se injusta,
prepotente e exploradora, passa indiferente ao lado dos irmãos que vivem abaixo
do limiar da dignidade humana, deixa de ter tempo para gastar com aqueles que
ama e inclusive relega Deus para a lista dos valores secundários.
E aí, como nos situamos em face disto?
Qual a proposta de Jesus? Será um convite a viver na alegre despreocupação, na
inconsciência, na passividade, no comodismo, na indiferença? Certamente que
não.
Jesus convida-nos a pôr, em primeiro
lugar, as coisas verdadeiramente importantes, ou seja, o “Reino”, a confiar
totalmente na bondade e na solicitude paternal de Deus. Ele mesmo disse: Procurai
primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais vos será dado por
acréscimo.
Em segundo lugar, a relativizar as
coisas secundárias, ou seja, as preocupações exclusivamente materiais. Preste
atenção, não é cruzar os braços à espera que Deus faça chover aquilo de que
necessitamos; mas é viver comprometido, trabalhando todos os dias, fazer a
nossa parte. No caso daquele rapaz do início da nossa reflexão, estudar, se
preparar...
Pergunte-se novamente: Quais são as
minhas prioridades? Em que é que eu tenho apostado incondicionalmente a minha
vida? Peça ao Espírito Santo discernimento, por que as propostas equívocas de
felicidade criam, muitas vezes, desorientação e confusão. Coloque a sua
confiança e a sua esperança em Deus. Ele o ama! Conhece as suas dores e
necessidades e pega você no colo nos momentos mais dramáticos da sua caminhada.
Brasília 28/02/2014
Maria Auxiliadôra
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