terça-feira, 18 de março de 2014

PRIORIDADES


Inicio essa reflexão com uma pergunta: Você tem prioridades? Se tem, quais são?

Normalmente, todos têm prioridades, seja em casa, seja no trabalho, seja na vida profissional. Você já parou para pensar nisto?

Por exemplo: um rapaz acabou de se formar e pretende trabalhar. O que ele pode fazer? Pode fazer um concurso, pode distribuir currículo... Se ele optar por fazer concurso, o mínimo que tem a fazer, além de se inscrever, é se preparar. Como? Estudando. Às vezes, pode ser necessário frequentar um cursinho, assistir aulas até mesmo em fins de semana. Mas, aí aparece um churrasco exatamente na hora da aula e ele vai ter que optar entre assistir aula ou cair na gandaia. Ele terá que pesar o que é mais importante naquele momento, é questão de prioridade! E a prioridade é questão de escolha, que exige sacrifício e renúncia. Se aquele rapaz deseja assumir aquele cargo, deve escolher estudar adequadamente, comer adequadamente, dormir adequadamente para que atinja seu objetivo.

Assim, todos os dias, temos escolhas, pois todo ser humano tem desejos e aspirações. A dificuldade está em saber se escolhemos corretamente ou não. É preciso discernimento.

Por isto, a liturgia do 8º Domingo do Tempo Comum - Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus (Mt 6, 24-34), propõe-nos uma reflexão sobre as nossas prioridades. Recomenda que dirijamos o nosso olhar para o que é verdadeiramente importante e que libertemos o nosso coração da prisão dos bens materiais. Convida-nos a buscar o essencial - o Reino de Deus - diante de coisas secundárias que, dia a dia, ocupam o nosso interesse. Escolher o essencial não é negligenciar o resto – não é nada disso: Deus é um pai misericordioso, bom, cheio de solicitude por nós e provê com amor às nossas necessidades.

No Evangelho, quando Jesus afirma que ninguém pode servir a dois senhores, ou seja, a Deus e ao dinheiro, Ele está se referindo justamente às pessoas que constroem suas vidas em torno dos bens materiais, que valorizam a lógica do ter, deixando-se dominar pelo dinheiro. O dinheiro, para essas pessoas, ocupa o lugar de Deus, ou seja, Deus fica em segundo lugar. Ora, o amor ao dinheiro fecha totalmente o coração da pessoa, ela torna-se egoísta, prepotente, injusta, corrupta, auto-suficiente e não deixa qualquer espaço para o amor ao próximo. Não podemos e não devemos ter amor ao dinheiro, do contrário a nossa vida terá sido um tremendo equívoco.

Parece absurdo falar dessa maneira, especialmente por vivermos numa sociedade onde o dinheiro é, hoje, o verdadeiro centro do poder no mundo. Ele compra consciências, poder, projeção social e até reconhecimento. Por ele mata-se, calcam-se aos pés os valores mais fundamentais, renuncia-se à própria dignidade, envenena-se o ambiente, escravizam-se pessoas.

É verdade, quando a lógica do “ter mais” entra no coração do homem e o domina, o homem torna-se escravo e, por sua vez, leva à escravidão os outros homens. Repito, a pessoa torna-se injusta, prepotente e exploradora, passa indiferente ao lado dos irmãos que vivem abaixo do limiar da dignidade humana, deixa de ter tempo para gastar com aqueles que ama e inclusive relega Deus para a lista dos valores secundários.

E aí, como nos situamos em face disto? Qual a proposta de Jesus? Será um convite a viver na alegre despreocupação, na inconsciência, na passividade, no comodismo, na indiferença? Certamente que não.

Jesus convida-nos a pôr, em primeiro lugar, as coisas verdadeiramente importantes, ou seja, o “Reino”, a confiar totalmente na bondade e na solicitude paternal de Deus. Ele mesmo disse: Procurai primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais vos será dado por acréscimo.

Em segundo lugar, a relativizar as coisas secundárias, ou seja, as preocupações exclusivamente materiais. Preste atenção, não é cruzar os braços à espera que Deus faça chover aquilo de que necessitamos; mas é viver comprometido, trabalhando todos os dias, fazer a nossa parte. No caso daquele rapaz do início da nossa reflexão, estudar, se preparar...

Pergunte-se novamente: Quais são as minhas prioridades? Em que é que eu tenho apostado incondicionalmente a minha vida? Peça ao Espírito Santo discernimento, por que as propostas equívocas de felicidade criam, muitas vezes, desorientação e confusão. Coloque a sua confiança e a sua esperança em Deus. Ele o ama! Conhece as suas dores e necessidades e pega você no colo nos momentos mais dramáticos da sua caminhada.

Brasília 28/02/2014
Maria Auxiliadôra


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