sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Os mansos herdarão a terra



 Terceira Bem-Aventurança – DOM DA MANSIDÃO

Audiência Geral de 19/02/2020 – Sala Paulo VI


“Não há terra mais bela do que o coração dos outros. Pensemos nisso: Não há terra mais bela do que o coração dos outros. Não há território mais belo a conquistar do que a paz restabelecida com um irmão. Esta é a terra a ser herdada com a mansidão!”


A catequese do Papa Francisco foi dedicada à terceira bem-aventurança proclamada por Jesus: bem-aventurados os mansos, porque receberão a terra em herança (Mt 5,5).

Segundo o Papa Francisco, o termo “manso” utilizado quer dizer literalmente doce, manso, gentil, privado de violência. A mansidão se manifesta nos momentos de conflito, se vê como se reage a uma situação hostil. Qualquer um pode parecer manso quando tudo está tranquilo. Porém, como reagirá “sob pressão”, se é atacado, ofendido, agredido?

Em uma passagem, São Paulo recorda a doçura e a mansidão de Cristo (2 Cor 10, 1). E São Pedro, por sua vez, recorda a atitude de Jesus na Paixão: não respondia e não ameaçava, porque se entregava àquele que julga com justiça (1Pe 2, 23). E a mansidão de Jesus se vê fortemente na sua Paixão.


MANSIDÃO E POSSES

Ainda, conforme a Escritura a palavra “manso” indica, também, aquele que não tem propriedades terrenas. Portanto, a terceira bem-aventurança fala que os mansos receberão a terra em herança. Eles a herdam.

O verbo “herdar” tem um sentido ainda mais profundo. O Povo de Deus chama “herança” justamente a terra de Israel que é a Terra da Promessa.

Aquela terra é uma promessa e um dom para o povo de Deus e se torna o sinal de algo maior que um simples território. Há uma “terra”, que é o Céu, isto é, a terra para a qual nós caminhamos: os novos céus e a nova terra para a qual nós caminhamos (Is 65, 17; 66, 22; 2 Pe 3, 13; Ap 21, 1).


HERDAR O MAIS SUBLIME DOS TERRITÓRIOS

Portanto, o manso é aquele que “herda” o mais sublime dos territórios. Não é um covarde, um “fraco” que encontra para si uma moral improvisada para ficar fora dos problemas. É uma pessoa que recebeu uma herança e não a quer perder.

O manso não é um acomodado, mas é o discípulo de Cristo que aprendeu a defender bem outra terra. Ele defende a sua paz, defende a sua relação com Deus, defende os seus dons, os dons de Deus, protegendo a misericórdia, a fraternidade, a confiança, a esperança. Porque as pessoas mansas são pessoas misericordiosas, fraternas, confiantes e pessoas com esperança.


SOBRE A IRA

O Pontífice mencionou o pecado da ira, um movimento violento e que todos conhecem o impulso. Quem não ficou com raiva alguma vez? Todos. Devemos inverter a bem-aventurança e nos fazermos uma pergunta: quantas coisas destruimos com a ira? Quantas coisas perdemos? Um momento de cólera pode destruir tantas coisas; se perde o controle e não se avalia aquilo que realmente é importante e, se pode arruinar a relação com um irmão, às vezes sem remédio. Pela ira, tantos irmãos não se falam mais, se afastam um do outro. É o contrário da mansidão. A mansidão reúne, a ira separa.

A mansidão é a conquista de tantas coisas. A mansidão é capaz de conquistar o coração, salvar as amizades e muito mais, porque as pessoas ficam com raiva mas, depois se acalmam, repensam e refazem seus passos e assim se pode reconstruir com a mansidão.

A “terra” a conquistar com a mansidão é a salvação daquele irmão de que fala o próprio Evangelho de Mateus: Se te ouvir, terás ganho um irmão (Mt 18, 15). Não há terra mais bela que o coração dos outros, não há território mais belo a conquistar que a paz restabelecida com um irmão. E aquela é a terra a herdar com a mansidão!