segunda-feira, 23 de julho de 2012

OVELHAS SEM PASTOR



Vamos refletir sobre o amor de Jesus pelas “ovelhas sem pastor” – tema do Evangelho Segundo Marcos (Mc 6,30-34) - que é uma continuação da reflexão da Missão dos Doze Apóstolos, relatada em Mc 6,7-13.


 

A liturgia nos recorda que Jesus chamou os Doze Apóstolos e enviou-os para uma missão. Jesus os enviou dois a dois, para pregarem o arrependimento, expulsarem os demônios, ungirem e curarem os doentes. Esta missão era anunciar o Reino de Deus e lutar contra tudo aquilo que escraviza o homem e o impede de ser feliz. Portanto, o anúncio que é confiado aos discípulos é o anúncio que Jesus fazia (o “Reino”); os gestos que os discípulos são convidados a fazer para anunciar o “Reino” são os mesmos que Jesus fez. Os apóstolos seguiram em missão, dois a dois, entusiasmados.


 

Pois bem, em Mc 6,30-34 nos é apresentado o regresso dos enviados de Jesus. Agora eles são chamados “apóstolos”, que quer dizer “enviados”, “propagadores”, “evangelizadores”, “missionários”, são muitos os significados...


 

Ao regressarem, reuniram-se com Jesus e contaram-lhe tudo o que tinham feito e ensinado, como tudo tinha se desenrolado, como tinham executado a missão, conforme as instruções passadas por Jesus antes de partirem. Eles regressaram porque a missão a eles confiada não pode ser desligada de Jesus. Os discípulos devem, com frequência, reunir-se à volta de Jesus, dialogar com Ele, escutar os seus ensinamentos, confrontar permanentemente a pregação feita com a proposta de Jesus. Jesus é que dá sentido à missão do discípulo e que permite ao discípulo, tantas vezes fatigado e desanimado, voltar a descobrir o sentido das coisas e renovar o seu empenho.


 

Então, Jesus convidou-os para um lugar isolado para que eles descansassem um pouco, um lugar sem tanta gente. “Vinde vós, sozinhos, a um lugar deserto e descansai um pouco”, disse-lhes Jesus. E foram de barco a um lugar afastado. Mas a multidão, inclusive de todas as cidades, acabou adivinhando e, seguindo a pé, chegou lá primeiro, antes deles. De fato, era um tumulto que os discípulos não tinham nem tempo de comer. Assim que desembarcou, conforme descrito no Evangelho, Jesus viu uma grande multidão e ficou tomado de compaixão por eles, compadeceu-Se de toda aquela gente, pois estavam como “ovelhas sem pastor”. E começou a ensinar-lhes muitas coisas.

 

O Evangelho fala em compaixão, qual o verdadeiro significado da palavra “compaixão”? Do latim temos compassione. Literalmente, compaixão significa “sofrimento padecido com”. A experiência da compaixão faz com que Jesus possa “sentir conosco”, ou seja, sentir com, sofrer com. Jesus teve compaixão daquele povo, Ele compara a multidão a um rebanho sem pastor. Em Jesus estava a esperança de uma palavra, era isso que as pessoas buscavam. Jesus teve compaixão, preocupou-se com aquelas “ovelhas sem pastor” e essa preocupação é sinal de quê? É sinal do seu amor, sinal de solidariedade para com todos os sofredores, com os pobres, com os explorados, com os miseráveis.

 

Como podemos observar, fica claro o quanto o amor se faz o protagonista por excelência, e se traduz muitas vezes em compaixão. Jesus situa a “compaixão” como uma expressão particular e concreta de Deus que é Amor, e está a recordar-nos que o seu “olhar” pousa sobre os homens e torna-se compassivo para eles através do amor. É o amor no compasso da compaixão. É o sentimento de pesar que nos causa os males alheios, bem como uma vontade de ajudar o próximo. Sentimento de simpatia ou de piedade para com o sofrimento alheio, associado à vontade ou ao desejo de auxiliar de alguma forma.

 

Vendo dessa maneira, entendendo esse lado pleno da compaixão, conseguimos justificar aquele sentimento de solidariedade que, frequentemente, toca e move muitas pessoas quando acontecem as catástrofes, as enchentes, os terremotos, os incêndios, não é isso? Quantas pessoas movidas pela compaixão diante da desgraça alheia, pelas vítimas dos desastres da natureza se mobilizam para ajudar? São muitas...

 

Por meio da compaixão fica fácil entender porque Deus está sempre a fitar o seu olhar amoroso em cada um de nós. A única explicação é esta: é o amor no compasso da compaixão!

 

Brasília 20.07.2012

Maria Auxiliadôra

quinta-feira, 19 de julho de 2012

MISSÃO DOS DOZE


Hoje refletiremos sobre a Missão dos Doze, tema do Evangelho segundo Marcos (Mc 6,7-13). A liturgia recorda-nos a atuação de Deus no mundo por meio das pessoas que Ele chama e envia como testemunhas do seu projeto de salvação. O “chamado” e, consequentemente, o “envio” é uma tarefa que não se pode realizar no individualismo, na solidão, mas numa dimensão comunitária. Por isto, Jesus chamou os Doze Apóstolos e começou a enviá-los dois a dois.

 
Por que “doze”? O “doze” aqui é um número simbólico, lembra as doze tribos que formavam o antigo Povo de Deus. Estes “Doze” discípulos representam simbolicamente a totalidade do Povo de Deus, do novo Povo de Deus que é enviada em missão. Então, os Doze são enviados dois a dois, exatamente porque a evangelização tem uma dimensão comunitária, já que os discípulos são enviados em missão. Esta missão era o anunciar o Reino de Deus e lutar contra tudo aquilo que escraviza o homem e o impede de ser feliz. O ir “dois a dois” significava a necessidade de duas testemunhas para a declaração dos acontecimentos importantes.

 
Antes de enviá-los, Jesus dá-lhes algumas instruções de como proceder, claro, Ele é o Mestre, além de dar-lhes autoridade sobre os espíritos impuros. Também, faz algumas recomendações tais como não levarem nada além do bastão, nem mesmo pão nem sacola nem dinheiro nem duas túnicas. Por que? Exatamente porque eles deveriam se sentir livres para a missão, sem laços, livres de todo apego aos bens e meios materiais, livres de todo orgulho e ânsia de poder, num despojamento total de todos os bens e seguranças humanas, para que a preocupação com essas coisas materiais não os desviassem do seu objetivo, já que a finalidade era pregar a vida eterna, afinal, eles acreditavam e confiavam em Deus e em sua providência.

 
Ainda, disse-lhes Jesus: “Onde quer que entreis numa casa, nela permanecei até vos retirardes do lugar. E se algum lugar não vos receber nem vos quiser ouvir ao partirdes de lá, sacudi o pó de debaixo dos vossos pés em testemunho contra eles”. Partindo, eles pregavam que todos se arrependessem. E expulsavam muitos demônios e curavam muitos enfermos, ungindo-os com óleo.

 
As instruções de Jesus aos discípulos representam o sentido e o valor que eles deviam observar. Assim como nós, cristãos, também, somos chamados a evangelizar, e quem nos chama, quem nos convida é Jesus, a iniciativa é Dele, cabe-nos responder a esse chamado... Todos são convidados, não apenas um grupo, uma comunidade, uma nação, mas todos. O Evangelho fala em “doze”, que é a totalidade do Povo de Deus. Então, todos são chamados... Será que nos sentimos parte dos “doze” como convocados por Jesus a viver a fé? O que realmente significa hoje ser um “enviado” de Jesus? A que lugares de maneira particular Ele nos envia? Quais as coisas nos prendem e nos impedem de cumprir nossa tarefa missionária? Se pensarmos bem, somos muitas vezes escravos do “ter”, do status... Sentimo-nos amarrados em bens materiais, em coisas desnecessárias para viver que a sensação, a impressão é que elas acabam se incorporando em nossa vida. Parece que não conseguimos mais viver sem elas. Se não cuidarmos, o essencial vai sendo substituído... E o que é essencial? Devemos nos perguntar sempre...

 
Jesus nos adverte, assim como advertiu os discípulos: ter uma atitude de sobriedade e de despojamento, desapego aos bens materiais, às idéias e preconceitos, aos maus hábitos, aos maus comportamentos; tudo isso constitui obstáculo para a missão de anunciar o Reino.

 
Além do mais, em quais situações devemos “sacudir o pó”, sacudir a poeira dos pés na tarefa missionária? A nossa tarefa não é só em lugares longínquos, pode ser no trabalho, na sala de aula, até mesmo em nossa casa, dentro da nossa família, em nossos relacionamentos, muitas vezes sem o mínimo de diálogo....

 
Tenhamos coragem, pois sempre seremos fortalecidos pela Palavra de Deus, pela oração, pela vivência nos sacramentos que nos dão respaldo e firmeza para caminhar sem machucar os pés. Por isso, temos que ter perseverança e confiança, se erramos, podemos nos arrepender, Deus nos perdoa se nos arrependermos sinceramente. Sejamos humildes e confiantes da Providência Divina. Assim seja!

Brasília/DF 13.07.2012
Maria Auxiliadôra Martins Melo

terça-feira, 3 de julho de 2012

SOLENIDADE DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO


A liturgia convida-nos a refletir sobre estas duas figuras e a considerar o seu exemplo de fidelidade a Jesus Cristo e de testemunho do projeto libertador de Deus.

Vou falar um pouco sobre cada um, primeiramente sobre São Pedro.

Simão recebeu de Jesus o nome de “Pedro” no primeiro encontro que teve com ele (Jo 1, 42), nome solenemente ratificado quando lhe promete o primado, que é a razão do novo nome: és a pedra ou autoridade básica da Igreja (Mt 16, 18). Simão Pedro era natural de Betsaida, onde, com seu irmão André e seus amigos e sócios, os irmãos Tiago e João, praticava a pesca. Na lista dos apóstolos, Pedro sempre é colocado primeiro. Forma com Tiago e João o grupo dos três apóstolos prediletos, aos quais Jesus pega como testemunhas na ressurreição da filha de Jairo, na transfiguração e na agonia. Embora num momento da paixão tenha negado ser seu discípulo, Jesus lhe aparece em particular, e na comunidade primitiva ele atua como cabeça; eleição de Matias; atuação diante do sinédrio; assunto de Ananias e Safira; visita às comunidades que vão se estabelecendo. É ele que dá o grande passo de abrir as portas da Igreja aos gentios sem exigir que passem pela lei judia. Foi livre milagrosamente quando Herodes quis matá-lo. Sabemos pela tradição que esteve em Roma como chefe da comunidade cristã e que ali sofreu martírio, sob o imperador Nero, no ano 67.

Em relação a São Paulo, o nome que lhe puseram seus pais foi “Saulo”, que significa “o desejado”, e o nome romano “Paulo”. De sua vida, sabemos aquilo que encontramos nos Atos dos Apóstolos” e em suas cartas. Nasceu em Tarso da Cilícia (Ásia Menor), seus pais eram judeus, da tribo de Benjamin, que viviam na diáspora. Teve a educação judia e a do mundo grego, como também gozou de pertença ao povo hebreu e da cidadania romana, porque dela gozava seu pai. Aderiu a corrente farisaica, estudou com Gamaliel, mestre de mente aberta, como os rabinos aprendeu um ofício para viver dele: o de fabricante de tendas. Nos primeiros anos de sua atividade pública foi perseguidor dos seguidores de Jesus, até que Cristo, que o tinha escolhido, saiu-lhe ao encontro no caminho de Damasco. A atividade apostólica de São Paulo foi intensa, até o ponto de se lhe chamar “o apóstolo”, embora não tenha conhecido o Senhor em vida. Segundo a tradição, morreu decapitado por Nero em Roma no ano 67. Os Atos dos Apóstolos o têm como o principal protagonista no avanço expansivo do cristianismo desde Jerusalém até Roma e escreveu numerosas cartas. Por isso, ao olharmos para o seu exemplo, impressiona-nos como o encontro com Cristo marcou a sua vida de forma tão decisiva; como ele se identificou totalmente com Cristo; como ele anunciou o Evangelho em todo o mundo, mesmo tendo passado por dificuldades, tortura, prisão. Paulo é, verdadeiramente, um modelo e um testemunho que deve inspirar cada cristão.

No Evangelho segundo São Mateus (Mt 16,13-19), a Pedro Jesus promete-lhe “as chaves do Reino dos céus” e o poder de “ligar e desligar” (Tu és Pedro e eu te darei as chaves do Reino dos Céus). Jesus nomeia Pedro para “administrador” e supervisor da Igreja, com autoridade para interpretar as palavras de Jesus, para adaptar os ensinamentos de Jesus a novas necessidades e situações, e para acolher ou não novos membros na comunidade dos discípulos do Reino. Todos são chamados por Deus a integrar a comunidade do Reino; mas aqueles que não estão dispostos a aderir às propostas de Jesus não podem aí ser admitidos. Pedro é o protótipo do discípulo; nele, está representada a comunidade que se reúne em volta de Jesus e que proclama a sua fé em Jesus como o “Messias” e o “Filho de Deus”. É a essa comunidade, representada por Pedro, que Jesus confia as chaves do Reino e o poder de acolher ou excluir.

Portanto, Jesus instituiu Pedro como o chefe supremo da Igreja. Só está unido com Cristo quem está unido com a Igreja; e só está unido com a Igreja quem obedece filialmente ao Papa. Assim, é a sucessão sem nunca ter sido interrompida. O Papa Bento XVI é o 266º sucessor de São. Pedro na cátedra de coordenador geral da Igreja. Por isso, hoje, dia 29 de junho, é também o Dia do Papa. Nós, católicos, reafirmamos a nossa obediência filial a Bento XVI, e rezamos por ele, para que tenha muita saúde, sabedoria e santidade, a fim de continuar à frente da Igreja por muitos e muitos anos, como um bom pastor.

Celebramos com alegria a Solenidade de São Pedro e São Paulo. Eles são chamados de “colunas da Igreja”, porque Pedro foi o seu primeiro chefe, e Paulo o primeiro propagador entre os pagãos. Por caminhos diferentes, os dois testemunharam Jesus Cristo, inclusive entregando a vida por Ele.
Viva São Pedro! Viva São Paulo!

Em 29.06.2012
Maria Auxiliadôra