Oitava
Bem-Aventurança – O CAMINHO DAS BEM-AVENTURANÇAS NOS LEVA A SER DE CRISTO E NÃO
DO MUNDO.
Audiência
Geral de 29/04/2020 – Biblioteca do Palácio Apostólico
Nesta Audiência Geral realizada na Biblioteca do Palácio Apostólico por causa
da pandemia da Covid-19, o Papa Francisco concluiu o percurso das
Bem-aventuranças.
A catequese do Papa Francisco foi dedicada à oitava
bem-aventurança proclamada por Jesus: bem-aventurados
os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus (Mt
5,10).
“A alegria
escatológica dos perseguidos por justiça anuncia a mesma felicidade que a
primeira: o Reino dos Céus é dos perseguidos e dos pobres em espírito”.
“Pobreza em espírito, choro,
mansidão, sede de santidade, misericórdia, purificação do coração e obras de
paz podem levar à perseguição por causa de Cristo, mas, no final, essa
perseguição é motivo de alegria e grande recompensa nos céus”, sublinhou Francisco.
Vida segundo o mundo X vida segundo
Deus
Para o Pontífice, “o caminho das Bem-aventuranças é um caminho
pascal que leva de uma vida segundo o mundo para a vida segundo Deus, de uma
existência guiada pela carne, ou seja, pelo egoísmo, para uma existência guiada
pelo Espírito”.
E o Papa acrescentou: “O mundo, com seus ídolos, seus acordos e suas
prioridades, não pode aprovar esse tipo de existência. As ‘estruturas de
pecado, muitas vezes produzidas pela mentalidade humana, tão estranhas ao
Espírito da verdade que o mundo não pode receber, só podem rejeitar a pobreza
ou a mansidão ou a pureza e declarar a vida segundo o Evangelho como um erro e
um problema, como algo a ser marginalizado. O mundo pensa assim: estes são
idealistas ou fanáticos”.
Se o mundo vive em função do dinheiro, qualquer um que demonstre que a
vida pode ser cumprida no dom e na renúncia se torna um incômodo para o sistema
ávido
A palavra ‘fastio’ é fundamental, pois o testemunho cristão, que faz bem
a muitas pessoas, incomoda aqueles que têm uma mentalidade mundana. Eles vivem
isso como uma repreensão. Quando a santidade aparece e a vida dos filhos de
Deus emerge, nessa beleza há algo de inconveniente que exige uma tomada de
posição: ser questionado e abrir-se ao bem ou recusar essa luz e endurecer o coração”.
O Papa frisou que “é curioso, chama a atenção ver como, nas
perseguições dos mártires, a hostilidade aumenta a ponto de incomodar”. Basta recordar “as perseguições das ditaduras europeias do século passado: como se chega à ira contra os cristãos, contra
o testemunho cristão e contra o heroísmo dos cristãos”.
“É doloroso recordar que, neste momento, existem muitos cristãos que
sofrem perseguições em várias áreas do mundo, e devemos esperar e rezar para
que sua tribulação seja interrompida o mais rápido possível. São muitos: os
mártires de hoje são mais do que os mártires dos primeiros séculos. Expressamos
nossa proximidade a esses irmãos e irmãs: somos um único corpo, e esses
cristãos são os membros ensanguentados do corpo de Cristo, que é a Igreja”.
Segundo o Papa, “devemos estar
atentos para não ler essa Bem-aventurança de maneira vitimista, de
auto-comiseração. De fato, o desprezo dos homens nem sempre é sinônimo de
perseguição: logo após Jesus diz que os cristãos são o “sal da terra” e alerta
contra o perigo de “perder o sabor”, caso contrário, o sal “não serve para mais
nada; serve só para ser jogado fora e ser pisado pelos homens”. Portanto, há
também um desprezo que é culpa nossa quando perdemos o sabor de Cristo e do
Evangelho”.
Ser fiel ao caminho das
Bem-aventuranças
Francisco afirmou que “devemos ser fiéis ao caminho humilde das Bem-aventuranças,
porque é o que leva a ser de Cristo e não do mundo. Vale a pena lembrar
o percurso de São Paulo: quando ele pensava que era justo, era de fato
perseguidor, mas quando descobriu que era perseguidor, tornou-se um homem de
amor, que enfrentou de bom grado o sofrimento da perseguição que sofria”.
A exclusão e a perseguição, se Deus nos concede graça, nos fazem
assemelhar a Cristo crucificado e, associando-nos à sua paixão, são a
manifestação de uma nova vida. Esta vida é a mesma de Cristo, que para nós
homens e para a nossa salvação foi “desprezado e rejeitado pelos homens”.
Acolher seu Espírito pode nos levar a ter tanto amor no coração a ponto de
oferecermos a vida ao mundo sem fazer acordos com seus enganos e aceitando a
recusa.
“Os acordos
com o mundo são perigosos: o cristão é sempre tentado a fazer acordos com o
mundo, com o espírito do mundo”, disse o Papa, ressaltando que é
preciso “rejeitar os acordos e seguir o
caminho de Jesus Cristo. A vida do Reino dos Céus é a maior alegria, a verdadeira
letícia”.
“Nas perseguições, há sempre a
presença de Jesus que nos acompanha, a presença de Jesus que nos consola e a
força do Espírito que nos ajuda a seguir em
frente. Não desanimemos quando uma vida coerente do Evangelho atrai as
perseguições das pessoas: o Espírito nos sustenta nesse caminho”, concluiu o Papa.
Disponível em: https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2020-04/papa-audiencia-geral-caminho-bem-aventurancas-leva-cristo.html