quinta-feira, 30 de abril de 2020

Perdoar e ser perdoado




Quinta Bem-Aventurança – SER MISERICORDIOSO
Audiência Geral de 18/03/2020 – Biblioteca do Palácio Apostólico


Pela segunda vez o Papa Francisco realizou a Audiência Geral sem fiéis, sem peregrinos, sem abraços e afagos nas crianças e com os telões na Praça São Pedro desligados, já que a mesma está fechada, em decorrência da pandemia do novo coronavirus, transmitida ao vivo pelo portal do Vatican News e pelas redes sociais. Francisco voltou no tempo e falou de seu primeiro Angelus como Papa.


O segredo da misericórdia: perdoar e ser perdoado

A catequese do Papa Francisco foi dedicada à quinta bem-aventurança proclamada por Jesus: bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia (Mt 5,7).


Ser “misericordiado”

Esta bem-aventurança, notou o Papa, contém uma particularidade: é a única em que a causa e a consequência da felicidade coincidem. Quem exerce misericórdia, encontrará misericórdia, será “misericordiado”.

Este tema da reciprocidade do perdão, continua o Papa, não está presente somente nesta bem-aventurança, mas é recorrente no Evangelho. “A misericórdia é o próprio coração de Deus!”


Perdoar é como escalar uma montanha

O Papa prosseguiu recordando que há duas coisas que não podem se separar: o perdão dado e o perdão recebido.

“Mas tantas pessoas estão em dificuldade, não conseguem perdoar. Muitas vezes, o mal recebido é tão grande que conseguir perdoar é como escalar uma montanha altíssima. Um esforço enorme. Isso não dá.”

Todavia, a reciprocidade da misericórdia indica que é necessário inverter a perspectiva. "Mas sozinhos não podemos. É necessária a graça de Deus e devemos pedi-la."

“Todos somos pecadores. Todos. Em relação a Deus e em relação aos irmãos. Cada um sabe que não é o pai ou a mãe que deveria ser, o esposo ou a esposa, o irmão ou a irmã que deveria ser. Todos estamos em déficit na vida e precisamos de misericórdia. Sabemos que, mesmo não cometendo o mal, sempre falta algo ao bem que deveríamos ter feito.”


Misericórdia, o centro da vida cristã

Mas é propriamente esta nossa pobreza, continuou Francisco, que se torna a força para perdoar. Cada um deve lembrar que precisa de perdão e de paciência; este é o segredo da misericórdia: perdoando se é perdoado. Por isso, Deus nos precede e nos perdoa por primeiro. Recebendo o seu perdão, nos tornamos capazes de perdoar.

A misericórdia, ressaltou o Pontífice, não é uma dimensão entre as outras, mas é o centro da vida cristã: “não existe cristianismo sem misericórdia”, afirmou Francisco, citando São João Paulo II. Se o nosso cristianismo não nos leva à misericórdia, erramos o caminho, porque a misericórdia é a única verdadeira meta de todo caminho espiritual, um dos frutos mais belos da caridade.


O primeiro Angelus como Papa

O Pontífice citou uma lembrança, do seu primeiro Angelus como Papa, cujo tema foi precisamente a misericórdia.

"Isso ficou muito impresso em mim, como uma mensagem que, como Papa, deveria dar sempre, todos os dias: a misericórdia. Lembro que naquele dia tive uma atitude 'atrevida' de fazer publicidade de um livro sobre a misericórdia que tinha acabado de ser lançado do cardeal Kasper. E aquele dia senti muito forte isso: 'É a mensagem que devo dar como Bispo de Roma. Misericórdia: misericórdia, por favor. Perdão"

“A misericórdia de Deus é a nossa libertação e a nossa felicidade”, concluiu o Papa. Nós vivemos de misericórdia e não podemos no permitir ficar sem ela. “Somos demasiados pobres para colocar condições, necessitamos perdoar, porque precisamos ser perdoados.”




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