Sexta
Bem-Aventurança – O PURO DE CORAÇÃO VIVE NA PRESENÇA DO SENHOR
Audiência
Geral de 01/04/2020 – Biblioteca do Palácio Apostólico
Pela terceira
vez o Papa Francisco realizou a Audiência Geral sem fiéis, sem peregrinos, sem
abraços e afagos nas crianças e com os telões na Praça São Pedro desligados, já
que a mesma está fechada, em decorrência da pandemia da Covid-19.
A catequese do Papa Francisco foi dedicada à sexta
bem-aventurança proclamada por Jesus: bem-aventurados
os corações puros, porque verão a Deus! (Mt 5,8).
“Para ver Deus, não há necessidade de trocar de óculos ou ponto de
vista, é preciso libertar o coração de seus enganos".
A pureza
do coração
“Procurem
minha face! É tua face que eu procuro, Senhor. Não me escondas a tua face.” Com esta passagem do Salmo 27, Papa Francisco sublinhou que esta
linguagem manifesta a sede de uma relação pessoal com Deus, expressa também no
Livro de Jó como sinal de uma relação sincera: “Eu te conhecia só de ouvir. Agora, porém, os meus olhos te veem”.
"Como
alcançar essa intimidade?",
perguntou Francisco. "Podemos pensar
nos discípulos de Emaús, que têm o Senhor Jesus ao seu lado, mas seus olhos não
o reconheciam. O Senhor abrirá os seus olhos no final de uma caminhada que terá
o seu ápice na partilha do pão, mas tinha iniciado com uma repreensão: “Tolos e
lentos de coração para acreditar em tudo o que os profetas falaram”. Esta é a
origem de sua cegueira: o seu coração tolo e lento."
Libertar o coração de seus enganos
Aqui se
encontra a sabedoria dessa bem-aventurança: para poder contemplar é necessário
entrar em nós e abrir espaço para Deus, pois, como diz Santo Agostinho,
“Deus é mais íntimo para mim do que eu mesmo”. Para ver Deus, não há
necessidade de trocar de óculos ou ponto de vista, é preciso libertar o coração
de seus enganos!
“Este é um
amadurecimento decisivo: quando percebemos que o nosso pior inimigo está
escondido em nosso coração. A batalha mais nobre é aquela contra os enganos
interiores que geram os nossos pecados”, sublinhou
o Papa.
Conservar no coração o que é digno da relação com Deus
Para Francisco, é importante entender
o que significa ‘pureza do coração’.
Para fazer isso, é preciso lembrar que, na Bíblia, o coração não consiste
apenas em sentimentos, mas é o lugar mais íntimo do ser humano, o espaço interior
onde a pessoa é ela mesma.
Mas o que significa coração “puro”?,
perguntou o Pontífice. “O puro de coração vive na presença do Senhor,
conservando em seu coração o que é digno da relação com Ele; somente assim é
possível ter uma vida íntima “unificada”, linear, não tortuosa, mas simples”.
Libertação e renúncia
Segundo o Papa, “o coração purificado é o resultado de um processo que envolve
libertação e renúncia. O puro de coração não nasce como tal, viveu uma
simplificação interior, aprendendo a renegar o mal em si mesmo, que na Bíblia é
chamado de circuncisão do coração”.
Sublinha, ainda, que “essa purificação interior implica o
reconhecimento daquela parte do coração que está sob a influência do mal, a fim
de aprender a arte de deixar-se sempre instruir e ser conduzido pelo Espírito
Santo. Através dessa caminhada do coração, chegamos a ver Deus”.
Ouvir a sede do bem que vive em nós
“Nesta visão beatífica, há uma
dimensão futura, escatológica, como em todas as bem-aventuranças: é a alegria
do Reino dos Céus para onde caminhamos. Mas existe também outra dimensão: ver
Deus significa entender os desígnios da Providência no que nos acontece,
reconhecer sua presença nos Sacramentos, nos irmãos, sobretudo pobres e
sofredores, e reconhecê-lo onde Ele se manifesta”.
“Essa bem-aventurança é um pouco o
fruto das precedentes: se ouvimos a sede do bem que vive em nós e estamos
conscientes de viver em misericórdia, tem início uma caminhada de libertação
que dura a vida inteira e nos conduz ao céu”, disse ainda o Papa. “É um trabalho sério e acima de tudo é uma
obra de Deus em nós, nas provações e purificações da vida, que leva a uma
grande alegria, a uma paz verdadeira e profunda”, concluiu Francisco.
Disponível em: https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2020-04/papa-francisco-audiencia-geral-pureza-coracao.html
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