segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

ADVENTO: 4º Domingo

  
No primeiro domingo do mês de dezembro dá-se o Tempo do Advento. Advento quer dizer aquilo que vem vindo, que vai chegar. Por isto, antes de chegar o Natal, há o tempo do Advento. São exatamente quatro semanas, durante as quais se espera o nascimento de Jesus. Esse tempo, ou seja, durante essas quatro semanas, devemos nos preparar, pois é um tempo dedicado à reflexão e preparação para a chegada do Senhor Jesus.

Conforme os três últimos textos postados neste blog, já nos preparamos da seguinte maneira:

Na primeira semana do Advento

Começamos a nos preparar para a chegada do Menino Jesus. Era preciso ver se tudo estava em ordem para recebê-lo. Fizemos uma revisão de vida, de nossos atos... Como temos vivido? Procuramos a paz, ser promotores da paz entre as pessoas, nossos irmãos e amigos? Temos seguido ou, ao menos, tentado seguir os ensinamentos de Jesus? Temos desempenhado nossa missão de discípulos missionários? Temos sido um pai ou mãe cuidadosos, levado nossos filhos à Igreja?

Na segunda semana do Advento

Conversamos com nossos amigos, nossos familiares, nossos colegas de trabalho sobre a chegada do Menino Jesus e os ajudamos, também, a se prepararem...

Na terceira semana do Advento

Faltando pouco para Jesus nascer, pudemos, juntamente com nossos amigos e familiares, formar um grupo e procurar falar da chegada do Menino Deus a outras pessoas, inclusive às crianças. Foi uma ótima oportunidade para evangelizar, pois talvez essas pessoas, essas crianças, esses jovens e adolescentes não estivessem se preparando muito bem para o Natal...

Na quarta semana do Advento

O grande dia se aproxima... o dia que Jesus vai chegar! Então, vamos aguardá-lo com muita alegria, com entusiasmo, com amor no coração, assim como fizeram os pais de Jesus, Maria e José. Portanto, a nossa reflexão será, agora, sobre o 4º Domingo do Advento.

No evangelho do quarto domingo do Advento - Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 1,26-38) - 4º Domingo do Advento – a liturgia refere-se repetidamente ao projeto de vida plena e de salvação definitiva que Deus tem para nos oferecer e que torna-se uma realidade concreta, tangível e plena quando aceitamos dizer “sim” ao projeto de Deus, qual seja, acolher Jesus e apresentá-lo ao mundo.

Preste atenção à mensagem desse Evangelho:

Naquele tempo, o Anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia chamada Nazaré, a uma Virgem desposada com um homem chamado José. O nome da Virgem era Maria. Tendo entrado onde ela estava, disse o Anjo: "Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo;bendita és tu entre as mulheres". Ela ficou perturbada com estas palavras e pensava que saudação seria aquela. Disse-lhe o Anjo: "Não temas, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Conceberás e darás à luz um Filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-Se-á Filho do Altíssimo. O Senhor Deus Lhe dará o trono de seu pai David; e o seu reinado não terá fim". Maria disse ao Anjo: "Como será isto, se eu não conheço homem?" O Anjo respondeu-lhe: "O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso o Santo que vai nascer será chamado Filho de Deus. E a tua parenta Isabel concebeu também um filho na sua velhice porque a Deus nada é impossível". Maria disse então: "Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra".

Após a leitura atenta desse evangelho, o que mais nos chama a atenção? Três aspectos merecem destaque:

1- a fé de Maria;
2- o conteúdo da mensagem; e
3- a obediência de Maria.

Fé de Maria
Maria não questiona a vontade de Deus transmitida pelo anjo, com as palavras transmitidas pelo anjo, embora tenha ficado"perturbada", pois era muito jovenzinha, uma menina, a bem da verdade. Ela confiou na vontade de Deus, embora não entendesse muito bem a sua missão de ter sido escolhida para ser a Mãe do Salvador!

Conteúdo da mensagem
A mensagem "Não temas, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Conceberás e darás à luz um Filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-Se-á Filho do Altíssimo. O Senhor Deus Lhe dará o trono de seu pai David;  o seu reinado não terá fim" expressa o dom da maternidade de Maria. Maria recebeu o dom da divina maternidade porque teve fé e pela fé se torna a mulher mais abençoada, mais agraciada de todas! O nascimento de Jesus - o Salvador - é obra da intervenção de Deus, pois Maria concebe sem conhecer homem algum.

Obediência de Maria
A obediência de Maria expressa na mensagem: "Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra”. Maria recebeu o dom da divina maternidade porque teve fé! Ela confiou em Deus e deu o seu "sim"! Aparentemente, palavra tão simples, humilde, mas que irá marcar o destino da humanidade para sempre.

Conforme explicação no nº 494 do Catecismo da Igreja Católica, dando à Palavra de Deus o seu consentimento, Maria tornou-se Mãe de Jesus e, abraçando de todo o coração, sem que nenhum pecado a retivesse, a vontade divina de salvação, entregou-se ela mesma totalmente à pessoa e à obra de seu Filho, para servir, na dependência dele e com Ele, pela graça de Deus, ao Mistério da Redenção.

Como se vê, temos muito que aprender com a fé e a obediência de Maria, a "Maria do Sim", que nos ensina a viver e a dar nosso "sim" a Deus.

Por isto podemos afirmar que Maria participa da salvação do mundo! Ela verdadeiramente coopera para a salvação humana com livre fé e obediência. Pronunciou seu "fiat" (faça-se) em representação de toda a natureza humana. Por sua obediência, tornou-se a nova Eva, Mãe do viventes (Catecismo da Igreja Católica, nº 511). Maria, a Virgem escolhida por Deus para ser a Mãe de seu Filho, é verdadeiramente "Mãe de Deus", pois é a Mãe do Filho Eterno de Deus feito homem, que é Ele mesmo Deus. É através de Maria que Deus atua no mundo, na humanidade, é através de homens e de mulheres atentos aos projetos de Deus que Ele atua no mundo, que manifesta seu amor, que se torna presente no mundo.

É preciso que estejamos atentos ao chamado de Deus para que possamos dar o nosso "sim" total e incondicional, particularmente aos pobres, aos humildes, aos infelizes, aos marginalizados – a salvação e a vida de Deus. Digamos, com fé, Virgem Maria, rogai por nós!

Para finalizar, façamos a Oração do Advento, bem simples:

“Eu o espero, Jesus. Venha logo!
Você nasceu em Belém e foi um menino, como eu fui.
Mas eu sei que você é o Filho de Deus, que veio do céu.
Traga então a sua paz e a sua amizade para o meu coração, que o espera impacientemente.
E também para o coração de todos os homens.
Ensine a eles o caminho que leva à gruta de Jesus
e faça com que todos se sintam irmãos.
Amém”.

Brasília, 19 de dezembro de 2014.
Maria Auxiliadôra

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

ADVENTO: 3º Domingo



O evangelho do próximo domingo - Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Joao (Jo 1,6-8.19-28) - 3º Domingo do Advento – apresenta-nos João Batista, a “voz” que prepara os homens para acolher Jesus, a “luz” do mundo.

O singular objetivo de João Batista é centrar o foco na pessoa de Jesus. João não centra o foco em si mesmo, ele está apenas interessado em levar os seus interlocutores a acolher e a “conhecer” Jesus, “aquele” que o Pai enviou com uma proposta de vida definitiva e de liberdade plena para os homens.

O evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João (Jo 1,6-8.19-28) traz o seguinte texto:

Apareceu um homem enviado por Deus, chamado João. Veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos acreditassem por meio dele. Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz. Foi este o testemunho de João, quando os judeus lhe enviaram, de Jerusalém, sacerdotes e levitas, para lhe perguntarem: «Quem és tu?» Ele confessou a verdade e não negou; ele confessou: «Eu não sou o Messias». Eles perguntaram-lhe: «Então, quem és tu? És Elias?» «Não sou», respondeu ele. «És o Profeta?». Ele respondeu: «Não». Disseram-lhe então: «Quem és tu? Para podermos dar uma resposta àqueles que nos enviaram, que dizes de ti mesmo?» Ele declarou: «Eu sou a voz do que clama no deserto: ‘Endireitai o caminho do Senhor’, como disse o profeta Isaías». Entre os enviados havia fariseus que lhe perguntaram: «Então, porque batizas, se não és o Messias, nem Elias, nem o Profeta?» João respondeu-lhes: «Eu batizo em água, mas no meio de vós está Alguém que não conheceis: Aquele que vem depois de mim, a quem eu não sou digno de desatar a correia das sandálias». Tudo isto se passou em Betânia, além Jordão, onde João estava a batizar.

O autor do Quarto Evangelho – João Batista - procura dizer quem é Jesus e define a sua missão. João Batista dá testemunho sobre Jesus diante dos enviados das autoridades judaicas. Naquela época, o Povo de Deus vivia na expectativa da chegada do Messias libertador, enviado por Deus para inaugurar uma nova era de liberdade, de alegria, de felicidade. Deus escolheu João, cuja missão é dar testemunho da “luz”. A “luz” representa a realidade que vem de Deus e com a qual Deus se propõe construir para os homens um mundo novo de vida definitiva e de felicidade total. João não atua por sua própria iniciativa, mas em resposta à escolha divina e para concretizar uma missão que Deus lhe confiou.

João foi enviado por Deus, mas João não é “a luz”! Ele é apenas “a testemunha” que vem preparar os homens para acolher Aquele que vai chegar e que será “a luz/vida”. João não é o Messias, nem Elias, nem se declara “o profeta” e nem aceita que lhe atribuam nenhuma função que possa centrar a atenção na sua própria pessoa. As suas três respostas, conforme se lê no evangelho, são rotundas negativas. Ele não busca a sua glória ou a sua afirmação, nem vem em seu próprio nome; a sua missão é meramente dar testemunho da “luz” e é para essa “luz” que os holofotes devem ser apontados.

João declarou: “Eu sou a voz do que clama no deserto: ‘Endireitai o caminho do Senhor’”. A “voz”, através da qual Deus fala, convida-nos a endireitar “o caminho do Senhor”. A “voz” não tem rosto, é anônima e passa despercebida; o importante é o conteúdo da mensagem. É isso que João é: uma “voz” através da qual Deus passa aos homens uma mensagem. É à mensagem e não à “voz” que os homens devem dar atenção. E qual é a mensagem? A mensagem é: endireitai o caminho do Senhor.

E João afirma: “Eu batizo em água, mas no meio de vós está Alguém que não conheceis: Aquele que vem depois de mim, a quem eu não sou digno de desatar a correia das sandálias”.

O batismo ou imersão na água, que João se refere, era um símbolo frequente no judaísmo, usado como rito de purificação ou para significar a mudança de estado de vida.

Portanto, o batismo de João significava a ruptura com a vida das trevas e o desejo de aderir a uma nova vida. Implica abandonar a mentira, os comportamentos egoístas, as atitudes injustas, os gestos de violência, os preconceitos, a instalação, o comodismo, a auto-suficiência, tudo o que nos torna escravos e nos impede de chegar à verdadeira felicidade.

Assim, o batismo referido por João seria apenas um primeiro passo para acolher “a luz” – a”luz” que vai libertar o homem da escuridão, da cegueira, da mentira, do egoísmo, do pecado.

E quais são as mudanças que nós temos de operar na nossa existência para passar das “trevas” para a “luz”? O que é que nos escraviza e nos impede de ser plenamente felizes? O que é que na nossa vida gera desilusão, frustração, desencanto, sofrimento?

Ademais, é o batismo do Messias (o batismo no Espírito) que transforma totalmente os nossos corações e nos faz livres e nos dá a vida definitiva. Esse que vem batizar no Espírito já está presente, a fim de iniciar a sua obra libertadora. É o Messias Libertador, pois só Ele é “a luz” e só Ele tem uma proposta de vida verdadeira para nos apresentar. Só Jesus é “a luz” que liberta-nos da escravidão, da escuridão, das trevas e nos oferece a vida verdadeira e definitiva.

Jesus marca, realmente, a nossa existência? Quando celebramos o nascimento de Jesus, celebramos um acontecimento do passado que deixou a sua marca na história? Ou celebramos o encontro com alguém que é “a luz” que ilumina a nossa existência e que enche a nossa vida de paz, de alegria, de liberdade?

Como se vê, neste Evangelho João nos convida a pensar sobre a forma de Deus atuar na história humana e sobre as responsabilidades que Deus nos atribui na recriação do mundo…

Deus vem ao nosso encontro para nos envolver no seu amor através de pessoas concretas, com um nome e uma história, pessoas “normais” a quem Deus chama e a quem confia determinada missão.

A todos nós, seus filhos, Deus confia uma missão no mundo – a missão de dar testemunho da “luz” e de tornar presente, para os nossos irmãos, a proposta libertadora de Jesus.

É chegada a hora de nos prepararmos para o grande acontecimento que está por vir: o nascimento de Jesus, Aquele que é a “luz” que vai nos libertar da escravidão e das trevas e nos oferece a vida verdadeira e definitiva.

Brasília, 12 de dezembro de 2014.
Maria Auxiliadôra

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

ADVENTO: 2º Domingo


No evangelho do próximo domingo - Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos ( Mc 1,1-8) - 2º Domingo do Advento - há um forte apelo ao reencontro do homem com Deus, à conversão. Deus está sempre disposto a oferecer ao homem um mundo novo de liberdade, de justiça e de paz; mas esse mundo só se tornará uma realidade quando o homem se dispuser a uma mudança, mudança de atitude, de pensamento, uma profunda reforma em seu coração, abrindo-o aos valores de Deus.


No Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus. Está escrito no profeta Isaías: "Vou enviar à tua frente o meu mensageiro, que preparará o teu caminho. Uma voz clama no deserto: ‘Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas’". Apareceu João Batista no deserto a proclamar um batismo de penitência para remissão dos pecados. Acorria a ele toda a gente da região da Judeia e todos os habitantes de Jerusalém e eram batizados por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados. João vestia-se de pelos de camelo, com um cinto de cabedal em volta dos rins, e alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre. E, na sua pregação, dizia: "Vai chegar depois de mim quem é mais forte do que eu, diante do qual eu não sou digno de me inclinar para desatar as correias das suas sandálias. Eu batizo-vos na água, mas Ele batizar-vos-á no Espírito Santo".


Como se vê, esse evangelho traz a missão de João Batista, a sua pregação, a reação dos ouvintes, o seu estilo de vida e o testemunho de João sobre Jesus. Então, para uma melhor reflexão, vou fazer alguns questionamentos:

1) Quem é João Batista e qual é a sua missão?
Conforme narrado no texto, João Batista é o “mensageiro” que prepara o caminho para o “Messias”, “Filho de Deus” (Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas’).


2) Em que consistia a pregação de João?
João Batista apareceu no deserto a proclamar um batismo de penitência para remissão dos pecados.


3) Por que ou para quê?
De acordo com a catequese judaica, o Messias só chegaria quando Israel fosse, na verdade, a comunidade santa de Deus… Antes de o Messias chegar, o Povo devia, portanto, realizar um caminho de purificação e de conversão, de forma a tornar-se um Povo santo. O “batismo de penitência” , ou seja, “batismo de conversão”  ou de “metanoia”, proposto por João Batista deve ser entendido neste contexto e representa um convite à mudança radical de vida, de comportamento, de mentalidade.


4) O que era o batismo proposto por João?
Este “batismo” é um rito de iniciação à comunidade messiânica: quem aceitava este “batismo” passava a viver uma vida nova e aceitava integrar a comunidade do Messias.

5) E por qual razão a pregação de João é feita no deserto?
O “deserto” é, no contexto da catequese judaica, o lugar onde o Povo de Deus realizou uma caminhada de purificação e de conversão. Foi no deserto que os israelitas libertados do Egito passaram de uma mentalidade de escravos a uma mentalidade de homens livres, de uma mentalidade de egoísmo a uma mentalidade de partilha, de uma atitude descomprometida a uma Aliança com Jahwéh, da desconfiança em relação à proposta libertadora que Moisés lhes apresentou à confiança total num Deus que cumpre as suas promessas e que é fonte de vida e de liberdade para o seu Povo. A pregação de João lembrava aos israelitas a necessidade de voltar ao “deserto” e de percorrer um caminho semelhante àquele que os antepassados tinham percorrido.


6) Como é que os interlocutores de João reagiam às suas propostas?
Conforme o texto, acorria a ele muitas pessoas da região da Judeia e todos os habitantes de Jerusalém para serem batizados, confessando os seus pecados.


7) Qual era o estilo de vida de João?
João vestia-se de pêlos de camelo, com um cinto de cabedal em volta dos rins e alimentava-se de gafanhotos e de mel silvestre. Seu estilo de vida era sóbrio, desprendido, austero, simples – é um convite claro à renúncia aos valores do mundo. O estilo de vida de João corrobora a mensagem que ele apresenta.


8) O que é que João diz sobre esse Messias libertador, do qual ele é o arauto e o mensageiro?
João fala da “força” do Messias e define a sua missão: batizar no Espírito. O Messias terá, portanto, a força de Deus e a sua missão será comunicar esse Espírito de Deus, que transforma, renova e recria os corações dos homens.

Em síntese, João é o mensageiro, enviado por Deus para preparar os homens para a chegada do Messias. A mensagem transmitida por João – com a palavra e com a própria atitude de vida – é um apelo veemente à mudança de vida e de mentalidade, a fim de que a proposta do Messias libertador encontre lugar no coração dos homens. João deixa claro que a missão do Messias é comunicar o Espírito que transforma o homem.

Portanto, na mensagem principal do evangelho, João Batista afirma claramente que preparar a vinda do Messias passa pela “metanoia”, isto é, por uma transformação total do homem, por uma nova atitude de base, por uma outra escala de valores, por uma radical mudança de pensamento, por uma postura vital inteiramente nova, por um movimento radical que leve o homem a reequacionar a sua vida e a colocar Deus no centro da sua existência e dos seus interesses.

Neste tempo de Advento, de preparação para a celebração do Natal do Senhor, somos convidados a fazer uma transformação radical da nossa vida, dos nossos valores, da nossa mentalidade.

Reflita:

- Como é que nós estamos nos preparando?

- Estamos suficientemente atentos aos profetas que questionam o nosso estilo de vida e os nossos valores?


Brasília, 07 de dezembro de 2014.
Maria Auxiliadôra


terça-feira, 2 de dezembro de 2014

ADVENTO: 1º Domingo



Hoje farei uma breve reflexão dobre o 1º Domingo do Advento que a liturgia nos remete ao Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos (Mc 13,33-37).

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: "Acautelai-vos e vigiai, porque não sabeis quando chegará o momento. Será como um homem que partiu de viagem: ao deixar a sua casa, deu plenos poderes aos seus servos, atribuindo a cada um a sua tarefa, e mandou ao porteiro que vigiasse. Vigiai, portanto, visto que não sabeis quando virá o dono da casa: se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se de manhãzinha; não se dê o caso que, vindo inesperadamente, vos encontre a dormir. O que vos digo a vós, digo-o a todos: Vigiai!"

O Evangelho começa com uma parábola – a parábola do homem que partiu em viagem, distribuiu tarefas aos seus servos e mandou ao porteiro que vigiasse e termina com uma admoestação aos discípulos acerca da atitude correta para esperar o Senhor.

O “dono da casa” da parábola é Jesus. Ao deixar este mundo para voltar para junto do Pai, Ele confiou aos discípulos a tarefa de construir o “Reino” e de tornar realidade um mundo construído de acordo com os valores do Reino.

O “porteiro” parece ser todo aquele que tem uma responsabilidade especial na comunidade cristã… A sua missão é impedir que a comunidade seja invadida por valores estranhos ao Evangelho e à dinâmica do Reino. São especialmente os responsáveis da comunidade cristã, a quem foi confiada a missão da vigilância e da animação da comunidade. Eles devem ajudar a comunidade a discernir permanentemente, diante dos valores do mundo, aquilo que a comunidade pode ou não aceitar para viver na fidelidade ativa a Jesus e às suas propostas.

E os discípulos de Jesus não podem cruzar os braços, à espera que o Senhor venha; eles têm uma missão – uma missão que lhes foi confiada pelo próprio Jesus e que eles devem concretizar, mesmo em condições adversas. Eles devem, com coragem e perseverança, dar o seu contributo para a edificação do “Reino”, sendo testemunhas e arautos da paz, da justiça, do amor, do perdão, da fraternidade, cumprindo dessa forma a missão que Jesus lhes confiou.

É necessário não esquecer isto: esta espera, vivida no tempo da história, não é uma espera passiva, de quem se limita a deixar passar o tempo até que chegue um final anunciado; mas é uma espera ativa, que implica um compromisso efetivo com a construção de um mundo mais humano, mais fraterno, mais justo, mais evangélico. Todos – “porteiro” e demais servos do Senhor – devem estar ativos e vigilantes.

Portanto, o Evangelho convida os discípulos a enfrentar a história com coragem, determinação e esperança, animados pela certeza de que “o Senhor vem”. Ensina, ainda, que esse tempo de espera deve ser um tempo de “vigilância” – isto é, um tempo de compromisso ativo e efetivo com a construção do Reino. A palavra-chave do Evangelho deste dia é esta: “vigilância”.

É uma mensagem destinada a toda a comunidade cristã, chamada a caminhar na história com os olhos postos no encontro final com Jesus e com o Pai. A missão que Jesus confia à sua comunidade não é uma missão fácil… Jesus está consciente de que os seus discípulos terão que enfrentar as dificuldades, as perseguições, as tentações que “o mundo” vai colocar no seu caminho. Essa comunidade em marcha pela história necessitará, portanto, de estímulo e alento. É por isso que surge este apelo à fidelidade, à coragem, à vigilância…

Meus amigos, o tempo de Advento recorda-nos a realidade do Senhor que vem ao encontro dos homens e que, no final da nossa caminhada por esta terra, nos oferecerá a vida definitiva, a felicidade sem fim. É o tempo da espera do Senhor e o verdadeiro discípulo deve estar sempre “vigilante”, cumprindo com coragem e determinação a missão que Deus lhe confiou.

Brasília 30 de novembro de 2014
Maria Auxiliadôra