O Papa Francisco envia mensagem
especialmente por ocasião da Quaresma com a esperança de que possa servir para
o caminho pessoal e comunitário de conversão.
O Santo Padre, tomando como fonte de
inspiração a frase de São Paulo: Conheceis
bem a bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por
vós, para vos enriquecer com a sua pobreza (2Cor 8,9), questiona os
cristãos de hoje o que lhes dizem essas palavras e o convite à pobreza, a uma
vida pobre em sentido evangélico.
Tais palavras, conforme o Papa, dizem
respeito ao estilo de Deus, que não se revela através dos meios do poder e da
riqueza do mundo, mas com os da fragilidade e da pobreza, ou seja, a finalidade
de Jesus em se fazer pobre não foi a pobreza em si mesma, mas para enriquecer
as pessoas com a sua pobreza, é uma síntese da lógica de Deus: a lógica do
amor, a lógica da Encarnação e da Cruz. É precisamente o modo de amar de Jesus,
o seu aproximar-Se de cada um, de tomar para Si as fraquezas e os pecados do ser
humano, comunicando a este a infinita misericórdia de Deus.
E continua, “a riqueza de Jesus é Ele
ser o Filho: a sua relação única com o Pai é a prerrogativa soberana deste
messias pobre. Quando Jesus nos convida a tomar sobre nós o seu ‘jugo suave’,
convida-nos a enriquecer-nos com esta sua ‘rica pobreza’ e ‘pobre riqueza’, a
partilhar com Ele o seu Espírito filial e fraterno, a tornar-nos filhos no
Filho, irmãos nos Irmão Primogênito.”
Nessa mensagem, o Papa sublinha três
tipos de miséria: a miséria material,
a miséria moral e a miséria espiritual.
A miséria material, comumente chamada de
pobreza, atinge os que vivem numa condição indigna da pessoa humana, ou seja,
privados dos direitos fundamentais e dos bens de primeira necessidade como o
alimento, a água, as condições higiênicas, o trabalho, a possibilidade de
progresso e de crescimento cultural. Diante dessa miséria, “a Igreja oferece o
seu serviço, a sua diaconia, para responder às necessidades e curar essas
feridas que desfiguram o rosto da humanidade”. Por isso, “os nossos esforços se
orientam a encontrar o modo de acabar com as violações da dignidade humana no
mundo, com as discriminações e com os abusos”.
A miséria moral é aquela que nos
“transforma em escravos do vício e do pecado”. O papa fala das pessoas que
“perderam o sentido da vida, estão privadas de perspectivas para o futuro e
perderam a esperança” E faz referência ainda às “pessoas que se veem obrigadas
a viver essa miséria por causa de condições sociais injustas, por falta de
trabalho, o que as priva da dignidade de levar o pão para casa, por falta de
igualdade no direito à educação e à saúde”. Nesses casos, Francisco afirma que
a miséria moral bem poderia ser chamada de “suicídio incipiente”.
Por fim, a miséria espiritual, “que nos golpeia
quando nos afastamos de Deus e rejeitamos o seu amor”. O Santo Padre avisa que,
“se considerarmos que não precisamos de Deus, nos encaminharemos para a estrada
do fracasso”, porque “Deus é o único que salva e liberta verdadeiramente”.
Recordando que o
cristão é chamado a transmitir em todos os ambientes o anúncio libertador de
que existe o perdão do mal cometido, o Papa Francisco afirma que “é bonito
experimentar a alegria de estender esta boa nova, de compartilhar o tesouro que
nos foi confiado, para consolar os corações aflitos e dar esperança a tantos
irmãos e irmãs submersos no vazio”.
Para encerrar, o
pontífice lembra que a Quaresma “é um tempo adequado para se despojar. E nos
fará bem perguntar-nos de que podemos nos privar para ajudar e enriquecer os
outros com a nossa pobreza”. Por fim, enfatiza que a “verdadeira pobreza dói”,
avisando: “Desconfio da esmola que não custa nem dói”.
Brasília, fevereiro/2014
Maria Auxiliadôra
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