segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

ADVENTO: 3º Domingo



O evangelho do próximo domingo - Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Joao (Jo 1,6-8.19-28) - 3º Domingo do Advento – apresenta-nos João Batista, a “voz” que prepara os homens para acolher Jesus, a “luz” do mundo.

O singular objetivo de João Batista é centrar o foco na pessoa de Jesus. João não centra o foco em si mesmo, ele está apenas interessado em levar os seus interlocutores a acolher e a “conhecer” Jesus, “aquele” que o Pai enviou com uma proposta de vida definitiva e de liberdade plena para os homens.

O evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João (Jo 1,6-8.19-28) traz o seguinte texto:

Apareceu um homem enviado por Deus, chamado João. Veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos acreditassem por meio dele. Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz. Foi este o testemunho de João, quando os judeus lhe enviaram, de Jerusalém, sacerdotes e levitas, para lhe perguntarem: «Quem és tu?» Ele confessou a verdade e não negou; ele confessou: «Eu não sou o Messias». Eles perguntaram-lhe: «Então, quem és tu? És Elias?» «Não sou», respondeu ele. «És o Profeta?». Ele respondeu: «Não». Disseram-lhe então: «Quem és tu? Para podermos dar uma resposta àqueles que nos enviaram, que dizes de ti mesmo?» Ele declarou: «Eu sou a voz do que clama no deserto: ‘Endireitai o caminho do Senhor’, como disse o profeta Isaías». Entre os enviados havia fariseus que lhe perguntaram: «Então, porque batizas, se não és o Messias, nem Elias, nem o Profeta?» João respondeu-lhes: «Eu batizo em água, mas no meio de vós está Alguém que não conheceis: Aquele que vem depois de mim, a quem eu não sou digno de desatar a correia das sandálias». Tudo isto se passou em Betânia, além Jordão, onde João estava a batizar.

O autor do Quarto Evangelho – João Batista - procura dizer quem é Jesus e define a sua missão. João Batista dá testemunho sobre Jesus diante dos enviados das autoridades judaicas. Naquela época, o Povo de Deus vivia na expectativa da chegada do Messias libertador, enviado por Deus para inaugurar uma nova era de liberdade, de alegria, de felicidade. Deus escolheu João, cuja missão é dar testemunho da “luz”. A “luz” representa a realidade que vem de Deus e com a qual Deus se propõe construir para os homens um mundo novo de vida definitiva e de felicidade total. João não atua por sua própria iniciativa, mas em resposta à escolha divina e para concretizar uma missão que Deus lhe confiou.

João foi enviado por Deus, mas João não é “a luz”! Ele é apenas “a testemunha” que vem preparar os homens para acolher Aquele que vai chegar e que será “a luz/vida”. João não é o Messias, nem Elias, nem se declara “o profeta” e nem aceita que lhe atribuam nenhuma função que possa centrar a atenção na sua própria pessoa. As suas três respostas, conforme se lê no evangelho, são rotundas negativas. Ele não busca a sua glória ou a sua afirmação, nem vem em seu próprio nome; a sua missão é meramente dar testemunho da “luz” e é para essa “luz” que os holofotes devem ser apontados.

João declarou: “Eu sou a voz do que clama no deserto: ‘Endireitai o caminho do Senhor’”. A “voz”, através da qual Deus fala, convida-nos a endireitar “o caminho do Senhor”. A “voz” não tem rosto, é anônima e passa despercebida; o importante é o conteúdo da mensagem. É isso que João é: uma “voz” através da qual Deus passa aos homens uma mensagem. É à mensagem e não à “voz” que os homens devem dar atenção. E qual é a mensagem? A mensagem é: endireitai o caminho do Senhor.

E João afirma: “Eu batizo em água, mas no meio de vós está Alguém que não conheceis: Aquele que vem depois de mim, a quem eu não sou digno de desatar a correia das sandálias”.

O batismo ou imersão na água, que João se refere, era um símbolo frequente no judaísmo, usado como rito de purificação ou para significar a mudança de estado de vida.

Portanto, o batismo de João significava a ruptura com a vida das trevas e o desejo de aderir a uma nova vida. Implica abandonar a mentira, os comportamentos egoístas, as atitudes injustas, os gestos de violência, os preconceitos, a instalação, o comodismo, a auto-suficiência, tudo o que nos torna escravos e nos impede de chegar à verdadeira felicidade.

Assim, o batismo referido por João seria apenas um primeiro passo para acolher “a luz” – a”luz” que vai libertar o homem da escuridão, da cegueira, da mentira, do egoísmo, do pecado.

E quais são as mudanças que nós temos de operar na nossa existência para passar das “trevas” para a “luz”? O que é que nos escraviza e nos impede de ser plenamente felizes? O que é que na nossa vida gera desilusão, frustração, desencanto, sofrimento?

Ademais, é o batismo do Messias (o batismo no Espírito) que transforma totalmente os nossos corações e nos faz livres e nos dá a vida definitiva. Esse que vem batizar no Espírito já está presente, a fim de iniciar a sua obra libertadora. É o Messias Libertador, pois só Ele é “a luz” e só Ele tem uma proposta de vida verdadeira para nos apresentar. Só Jesus é “a luz” que liberta-nos da escravidão, da escuridão, das trevas e nos oferece a vida verdadeira e definitiva.

Jesus marca, realmente, a nossa existência? Quando celebramos o nascimento de Jesus, celebramos um acontecimento do passado que deixou a sua marca na história? Ou celebramos o encontro com alguém que é “a luz” que ilumina a nossa existência e que enche a nossa vida de paz, de alegria, de liberdade?

Como se vê, neste Evangelho João nos convida a pensar sobre a forma de Deus atuar na história humana e sobre as responsabilidades que Deus nos atribui na recriação do mundo…

Deus vem ao nosso encontro para nos envolver no seu amor através de pessoas concretas, com um nome e uma história, pessoas “normais” a quem Deus chama e a quem confia determinada missão.

A todos nós, seus filhos, Deus confia uma missão no mundo – a missão de dar testemunho da “luz” e de tornar presente, para os nossos irmãos, a proposta libertadora de Jesus.

É chegada a hora de nos prepararmos para o grande acontecimento que está por vir: o nascimento de Jesus, Aquele que é a “luz” que vai nos libertar da escravidão e das trevas e nos oferece a vida verdadeira e definitiva.

Brasília, 12 de dezembro de 2014.
Maria Auxiliadôra

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