terça-feira, 6 de setembro de 2011

SER TEMPLO DE DEUS


Não sabeis que sois templo de Deus
e que o Espírito de Deus habita em vós?
(1 Cor 3, 16).

Alguém poderia perguntar “o que é ser templo de Deus”? A Bíblia Sagrada responde: sois vós! (1 Cor 3, 17). É um privilégio, mas, também, uma responsabilidade.

Criados à imagem e semelhança de Deus, possuímos dignidade infinita e inalienável, que é um valor transcendente. Pela transcendência, somos abertos ao infinito, a Deus e ao outro, pois com a nossa inteligência e a nossa vontade elevamo-nos acima de toda a criação e de nós mesmos.

Como seres humanos, somos capazes de conhecer e amar nosso Criador. Somos chamados a compartilhar a vida de Deus, pelo conhecimento e pelo amor, que significam a filiação divina. Fomos criados para amar e servir a Deus, amando o próximo como o “outro eu” e cuidando, com zelo, da criação. Por isso, é importante gostarmos da nossa imagem pessoal, é essencial aceitarmos a nossa auto-imagem, deixar-nos amar por Deus, para que amemo-nos a nós próprios.

Contudo, “à imagem e semelhança de Deus” significa modo de presença e de redenção, não é ser igual a Deus. Deus é a plenitude do Ser e de toda a perfeição, sem origem e sem fim, é o Criador de todas as coisas, visíveis e invisíveis. Ele é o Autor e o Dono da vida “e o ser humano, sua imagem vivente, é sempre sagrado, desde a concepção, em todas as etapas da existência, até sua morte natural e depois da morte” (Documento de Aparecida, nº. 388).

A Bíblia nos recorda: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará (Jo 8, 32)”. Que verdade? A Verdade é o próprio Jesus Cristo (Jo 14, 6). Ele nos purifica e liberta das nossas carências a infinita busca do amor e da verdade. Ele nos apresenta o projeto de vida plena preparado por Deus para cada um de nós (Caritas in veritate, 1). Se algumas pessoas conhecessem a Verdade certamente se cuidariam mais, se preservariam mais, se gostassem mais. Algumas até conhecem, mas não alcançam a real dimensão, seja por não terem feito uma autêntica experiência do amor de Deus ou, simplesmente, por opção, por sentirem-se “livres”.

Porém, a liberdade é um direito natural que se reconhece a todo ser humano porque ser responsável. Agir livremente é exigência da dignidade humana, pois todo homem é um ser espiritual dotado de inteligência e liberdade.

Por isso, somente o homem, entre todos os seres vivos, foi digno de ter recebido de Deus uma lei e, como é dotado de razão, possui capacidade de entendimento e discernimento, podendo regular sua conduta dispondo da liberdade e da razão para o bem comum.

Convém lembrar que Deus quis deixar-nos entregues à nossa própria decisão para que procedamos segundo a nossa própria consciência e por livre decisão, a fim de que, dessa forma, cheguemos à perfeição. Temos, então, condições de exercer a liberdade para responder à vida com responsabilidade e amor. Entretanto, nossa adesão deverá ser livre e consciente.

Ademais, de nossa decisão dependerá o nosso êxito ou o nosso fracasso, porque a liberdade torna-nos responsáveis por nossos atos, em proporção à voluntariedade. Ou seja, a liberdade está, também, na capacidade de recusarmos tudo àquilo que é moralmente negativo, em todas as suas formas. Seria um equívoco pensarmos que a liberdade consiste na licença de tudo, de fazermos o que quisermos como bem entendermos, até mesmo o mal.

Se fizermos mau uso da liberdade, nos tornaremos escravos do pecado e este, como se sabe, é pessoal, mas tem valor social ao induzir a sociedade ao erro, como, por exemplo, o tráfico e o consumo de drogas. Em razão das más escolhas, muitas pessoas vivem sem identidade própria, inseguras, com a sensação de completo abandono, sem sentido para a vida, em busca de prazer ou poder para ter felicidade e tornam-se escravas de aparências.

Estejamos atentos: nosso corpo é verdadeiramente templo do Espírito Santo e este Espírito habita em nós. Nós o recebemos de Deus, por isso já não nos pertencemos, e sim a Deus. Deus é Amor eterno e Verdade absoluta, por isso temos a fundamental necessidade desse amor para existirmos plenamente. “Sem Deus, o homem não sabe para onde ir e não consegue sequer compreender quem é” (Caritas in veritate, 78).

Maria Auxiliadôra Martins Melo
Brasília/DF 06.09.2011

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